O nascimento do terceiro filho
"A minha mulher é de Portugal e teve problemas com o nosso primeiro bebé, por isso quisemos recorrer sempre ao mesmo médico. Daí que a nossa decisão foi a de ter o bebé em Portugal".
"Na altura pensei que seria capaz de ir, mas infelizmente as coisas correram mal e eu precisei de ficar, porque se eu fosse teria de perder dois ou três jogos quando voltasse. É o meu trabalho, dei todo o apoio que podia à minha família a partir daqui, e sei que em breve estarão aqui comigo".
"A minha mulher foi para o bloco operatório logo a seguir ao jogo, às 17h30, penso eu, e eu esperei. Eu estava no autocarro, a regressar a Wolverhampton, no FaceTime com ela. Foi um pouco diferente, mas especial como sempre e um momento inesquecível para mim. Correu tudo muito bem, por isso estou muito feliz e orgulhoso".
A infância em Mozelos (Santa Maria da Feira)
"Tive muitos problemas com a minha mãe porque estragava as flores do jardim todas. Eu andava sempre com uma bola e lembro-me que era impossível ter a bola dentro de casa, porque era uma habitação pequena. Por isso, fiz uma bola com algumas meias e comecei a jogar no interior da casa. E lembro-me que dormia sempre com uma bola".
Primeiras recordações sobre futebol
"Toda a minha família é adepta do FC Porto, que estava a ganhar tudo quando eu era pequeno. Era a época do [José] Mourinho e lembro-me que o Deco era um jogador fantástico. Lembro-me de muitos jogadores, da vitória na Liga dos Campeões, do jogo contra o Manchester United e da final. São as minhas primeiras recordações do clube. Lembro-me de ir ao estádio antigo com o meu pai e das festas quando o Porto era campeão".
Desenvolvimento da maturidade
"[quando o pai trabalhava no estrangeiro] Não foi uma época fácil para mim e para a minha família, mas nessa altura era a única forma que ele tinha de nos dar algumas condições. Ele era bom para nós, estou realmente orgulhoso do meu pai. Foi trabalhar para Espanha durante três anos, só o víamos uma vez por mês, ou mesmo dois ou três meses, dependendo do trabalho que tinha".
"Isso fez-me crescer mais depressa do que o normal, porque era só eu, a minha mãe e a minha irmã. Portanto, eu precisava de ajudar com tudo o que pudesse para apoiar a minha mãe. Isso contribuiu para a minha maturidade quando era jovem".
Decisão de rumar para Inglaterra
"Não foi nada fácil para mim. Estava a jogar pela minha equipa, a viver no meu país, perto da minha família. O Porto fica a 15 minutos da minha casa em Portugal. Eu estava em casa e não foi fácil deixar tudo e vir para aqui, mas quando chegamos a um determinado momento da carreira é preciso pensarmos em nós e na nossa família, e no que é melhor".
"Não tive dúvidas em vir para cá. Conhecia o Championship, porque tive alguns amigos a jogar aqui antes de mim, e sabia que seria bom para mim e, principalmente, para a minha família. Quando vim foi fantástico, fiquei realmente surpreendido com a ambição do clube, as condições que tínhamos, as pessoas e os adeptos, porque eles são um pouco diferentes de Portugal. Mas eu senti muito amor por parte deles e das pessoas que trabalham no clube. Os jogadores que cá estavam também foram fantásticos".
"Assim, foi fácil para mim instalar-me aqui e sentir-me em casa. E o meu único objetivo é demonstrar em campo essa felicidade. Os adeptos são fantásticos comigo e eu tento sempre dar-lhes motivos para se sentirem felizes connosco".
Estreia no Wolves e o nascimento da filha
"Trouxe todos os meus primos e o meu pai para assistirem à minha estreia. Lembro-me eram oito pessoas em minha casa, vieram ao estádio para assistirem ao jogo e ficaram realmente surpreendidos".
"Eles estão habituados ao estádio do FC Porto e disseram que, apesar de [o Molineux] ser mais pequeno, o ambiente é inacreditável".
"Ganhámos o jogo contra o Middlesbrough, com um golo do [Leo] Bonatini. Lembro-me que não conseguimos dormimos, pois tivemos de sair às quatro da manhã para eu ir a Portugal ver a minha filha, que nasceu no dia a seguir ao meu primeiro jogo".